O artigo 'O pensamento periférico de Euclides da Cunha: os sertões e a periferia da periferia do Brasil' de autoria do professor Oseias Carmo Neves acaba de ser aceito em dois eventos internacionais, um na Espanha e outro no Uruguai. Neves é professor na Faculdade de Educação e Ciências Sociais Aplicadas da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), câmpus de Juara.
O artigo é fruto de resultados parciais da pesquisa de Neves no doutorado em Ciência Política, na área de Pensamento Político Brasileiro. "Na minha pesquisa de doutorado, estudo a trajetória intelectual do pensamento político de Euclides da Cunha, período de 1886 a 1909, tomando como eixo de análises, a ideia de sertão, fronteira e integração nacional", explica o professor.
O VII Congresso Catalão de Sociologia será realizado nos dias 21 e 22 de abril na Universidade Rovira em Tarragona, na Espanha, já o 9º Congresso Latino-americano de Ciência Política Democracias em Recessão acontece no período de 26 a 28 de julho em Montevidéu no Uruguai.
Neves salienta que os dois trabalhos tratam da mesma questão, sendo que no da Espanha, ele incorporou uma teoria sociológica na análise.
Resumo: O objetivo desse artigo é situar o pensamento político de Euclides da Cunha na perspectiva do pensamento periférico latino-americano, tomando como unidade de análise a obra “Os Sertões” publicada em 1902. A obra “Os Sertões” de Euclides da Cunha está circunscrita dentro de um conjunto de escritos que procuraram revelar as contradições da realidade nacional e que estão situados na pré-história da Ciência Política brasileira. Por outro lado, essa obra é reveladora de um estilo de pensamento periférico que recoloca o “sertão” como uma categoria política de análise, sobretudo por expor o debate centro-periferia, dos quais é abordado nesse artigo como lugares dicotômicos entre o moderno e o atrasado. Para tanto, utilizamos como recurso metodológico de análise as sugestões de Mark Bevir, na obra A lógica da história das ideias (1999), focando na natureza dos escritos históricos e sua relação com as crenças individuais de seus autores. No caso da obra “Os Sertões”, foca-se na genialidade do autor em detrimento ao contexto no qual ele está inserido. Assim, “Os Sertões” de Euclides da Cunha é revelador de um estilo de pensamento político brasileiro que, mesmo se utilizando do imperativo modernizador e positivista, revela a opinião pública da época o fosso que separa a nação do Estado na perspectiva da periferia da periferia para o caso brasileiro.
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