Os professores indígenas Korotowi Taffarel Ikpeng e Maiuá Meg Poanpo Txikão, da etnia Ikpeng, deram início ao curso de pós-graduação em nível de mestrado em Ciências Ambientais pela Universidade do Estado de Mato Grosso(Unemat). A aula inaugural foi realizada no dia 10 de abril em Cáceres.

Maiuá e Korotowi concluíram a graduação em junho de 2006, na primeira turma do Programa de Educação Superior Indígena Intercultural(PROESI), antigo Terceiro Grau Indígena, juntamente com outros 184 professores índios. Desenvolvido pela Unemat em parceria com a Secretaria de Estado de Educação, de Ciência e Tecnologia (Secitec), Fundação Nacional do Índio (Funai), Prefeitura Municipal de Barra do Bugres, o PROESI oferta a formação , específica e diferenciada, a professores índios e conta com o apoio do Ministério da Educação(MEC) e Fundação de Nacional de Saúde( Funasa).

Para Korotowi a aprovação no curso de mestrado é uma vitória que ele compartilha com seu povo. “Não só eu sou vitorioso, meu povo é vitorioso”, ressalta. Ele complementa, “meu povo me auxilia muito nas minhas pesquisas, nos conhecimentos tradicionais, é uma vitória dele também”,afirma o professor que encara o mestrado como mais um degrau conquistado rumo ao conhecimento.

Formado no curso de Artes, Linguagem e Literatura, Korotowi pretende pesquisar as comunidades de abelhas. “Elas têm uma história de grande importância para o meu povo”, falou o pesquisador que pretende, com sua pesquisa, trazer elementos da cultura tradicional dos Ikpeng.

Para o vice-reitor da Unemat e coordenador do PROESI, professor Elias Januário, o ingresso dos professores formados pelo programa em um mestrado demonstra a qualidade do PROESI . Elias destaca o princípio da interculturalidade em que se baseia o programa. “Os 186 professores indígenas que formamos estão todos atuando em suas aldeias e isso se deve ao currículo ofertado pelo programa que prima pela valorização da identidade, do saber indígena, que possibilita que eles desenvolvam uma leitura crítica desse mundo globalizado, mas que não percam referencial da coletividade e o orgulho de pertencerem as suas comunidades”.

Sediado no campus da Unemat em Barra do Bugres, o PROESI objetiva o desenvolvimento de cursos de licenciatura e bacharelado que possibilite a formação em serviço de professores e outros profissionais indígenas. Ele também busca o desenvolvimento de pós-graduação e demais ações na área da educação indígena.

Atualmente 140 acadêmicos de 45 etnias mato-grossenses integram o programa nos cursos de graduação de Línguas, Artes e Literaturas; Ciências Sociais e Ciências Matemáticas e da Natureza. Destes 100 alunos, representantes de 22 etnias, estão na etapa específica e outros 40, de 13 etnias, começaram o processo de graduação neste ano.

Expansão - Com o intuito de levar o programa para outros Câmpusda Unemat um convênio entre universidade, Funai e Seduc possibilitará a abertura de uma turma do programa no Campus Universitário do Médio Araguaia, em Luciara. Serão ofertadas 50 vagas para o curso de Lingüística, Arte e Literatura. O vestibular específico está previsto para julho. Espera-se para setembro o início das aulas.

Especialização - Outra grande vitória do PROESI é a abertura do curso de pós-graduação em nível de especialização em Educação Escolar Indígena. Uma iniciativa que possibilita o acesso de 50 professores indígenas a formação continuada e que surge da parceria entre a universidade, Seduc, Secitec, e Funai.

Voltada para a interculturalidade, característica que permeia o PROESI e que permite o diálogo entre as culturas indígena e não índia sem que haja a sobreposição ou a inversão entre elas, a especialização é a primeira na América Latina com esses propósitos e tem previsão de início para julho.

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