O III Festival Ecológico e Cultural das Águas de Mato Grosso, edição Águas da Amazônia, realizado de 9 a 11 de junho de 2005, em Alta Floresta, reuniu cerca de duas mil pessoas com o objetivo de discutir políticas públicas para a conservação e preservação das águas e da cultura mato-grossense, além de incentivar a participação da sociedade nessas políticas. Estiveram presentes povos indígenas e populações locais, diversas organizações governamentais e não governamentais, educadores e pesquisadores de várias universidades brasileiras, representantes de movimentos sociais, associações, sindicatos e outras entidades da sociedade civil organizada do Mato Grosso e de vários Estados do Brasil.
Nós, participantes do III Festival Ecológico e Cultural das Águas de Mato Grosso, consideramos inaceitáveis e descabidas as taxas recentes de desmatamento e queimadas registradas no Mato Grosso e a posição alcançada pelo Estado de campeão nacional de devastação ambiental, ambos conseqüência do modelo de desenvolvimento baseado no agronegócio.
Esse mesmo modelo tem acarretado impactos sócio-ambientais desastrosos sobre povos indígenas, populações tradicionais e locais em geral, tais como perda de biodiversidade, concentração de terras e riquezas, contaminação das águas, assoreamento dos rios, desrespeito e desvalorização dos conhecimentos ecológico-tradicionais e da cultural regional.
O padrão de ocupação de território praticado no Mato Grosso tem implicado ainda a privatização das águas em detrimento da discussão sobre um projeto democrático de uso dos recursos hídricos. Esta situação decorre também da infração à legislação ambiental, por parte do Estado, e do desrespeito aos direitos coletivos, por parte do Poder Judiciário.
Diante desse quadro, recomendamos a implementação de políticas públicas para a reorientação do processo de ocupação territorial do norte do Mato Grosso, em especial da área de influência da rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém). Entre as ações prioritárias que consideramos indispensáveis, destacamos a necessidade de identificação e arrecadação de todas as terras públicas na região de modo a garantir a regularização fundiária, os direitos das comunidades tradicionais e locais sobre suas terras e o assentamento de trabalhadores rurais e pequenos agricultores com fins à reforma agrária.
Essas ações devem estar aliadas à realização de um Zoneamento Econômico-Ecológico (ZEE) no Estado que inclua e preserve as estratégias de sobrevivência das populações tradicionais, garanta o seu bem-estar e a sua qualidade de vida, contemple instrumentos para a valoração dos serviços prestados pelos ecossistemas.
Consideramos essencial implantar uma gestão participativa das águas que favoreça o compartilhamento entre todos os segmentos sociais que vivem e dependem dos rios da Amazônia Matogrossense. Como medida emergencial e urgente, destacamos ainda a necessidade da revitalização das bacias hidrográficas do Teles Pires, do Juruena, do Aripoanã e do Guaporé.
Alta Floresta, Mato Grosso, 11 de junho de 2005
Aguaradas
Luciene Carvalho
Êh! Águas de Mato Grosso...
Pelos seus caminhos
O destino da vida,
Do que somos.
Lindas águas corredeiras,
Águas de toda maneira:
A lagoa, a cachoeira
Rio largo e silencioso,
Rio inquieto e caudaloso
E corguinho de quintal.
Água viva, Pantanal,
Beijando a terra
Com vida.
Água bendita,
Nascente, foz, manguezal.
Berço da história
Que o homem escreve no mundo.
Poço profundo!
Acolhendo esperanças.
Êh! Águas de Mato Grosso...
Devemos ter na lembrança
Destas nossas atitudes,
Qual a herança
Que ao futuro legaremos,
Quais águas navegaremos
Do hoje para o amanhã?
Água é irmã.
Impressa de digitais
Das ações do nosso tempo,
Que registra em movimento
O que o humano lhe traz.
Água do banho,
Prazer que não tem tamanho
Água irrigação,
Que garante a plantação.
Água transporte,
Que nos une Sul e Norte.
Água bebida,
Que nos salva toda a vida.
Água beleza,
Maior dom da natureza.
Águas do pranto
Suavizem este meu canto
Que mais que delato,
Quer ser convite, de fato.
Prum jeito novo na terra:
De luz nos olhos,
De olhos d´água bem seguros
De rios, lagos, cascatas,
Percorrendo nossas matas,
Indo inteiros pro futuro.
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