O estudo denominado “Teatro angolano: o épico nas peças de José Mena Abrantes e Pepetela”, de Sidnei Boz, doutor em Estudos Literários pela Universidade do Estado de Mato Grosso, recebeu o 1º lugar na categoria Tese, no 16º Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada (Abralic). O evento ocorrerá 15 a 19 de julho, na Universidade de Brasília (UNB), mas o resultado do Prêmio “Dirce Côrtes Riedel” já foi divulgado esta semana (08/07).
A tese de Sidnei Boz, sob orientação do professor da Unemat e imortal da Academia Mato-grossense de Letras, Agnaldo Rodrigues da Silva, foi defendida em março deste ano. A pesquisa investiga a construção do épico no teatro de dois autores angolanos, a partir da análise de quatro peças: A Corda (1976) e A revolta da casa dos ídolos (1979), de Pepetela; O grande circo autêntico (1978) e Ana, Zé e os Escravos (1980), de José Mena Abrantes.
De acordo com o pesquisador, o teatro épico, cuja natureza é política, permite uma adequação às condições do momento histórico em que é produzido. Essa tendência teatral utiliza como referência acontecimentos históricos, em que a narração requer a observação do espectador. As situações, até as mais cotidianas, são utilizadas para a construção de tramas que confrontam dramas da ficção e da vida real.
O cenário conta somente com adornos essenciais. Essa técnica seria utilizada para expressar a mensagem ideológica, em favor de um grupo social. “Com o palco menos elaborado, sobressai a atuação das personagens, que encarnadas em atores, experimentam o deslocamento das emoções ao plano da reflexão, da análise e da crítica”, escreve.
A proposta é a substituição da emoção pelo distanciamento, já que o indivíduo consegue analisar melhor o que lhe é comum no dia-a-dia pelo afastamento, por meio de algo que cause estranheza e lhe quebre a fantasia. Ou seja, a capacidade reflexiva não fica anestesiada pela emoção.
Contexto- Para o estudo, foi necessário olhar além das cenas. O pesquisador investigou também os momentos históricos em que os textos foram escritos.
Entre 1976 e 1980, Angola viveu uma transição entre os efeitos da Independência (1975) e o contraste com problemas sociais, econômicos e políticos que assolaram o país. Conflitos violentos acabaram levando à Guerra Civil Angolana, que só terminou em 2002. Nesse contexto histórico, as peças teatrais analisadas foram produzidas.
“Este cenário político contribuiu para que Pepetela e Mena Abrantes atribuíssem um conteúdo amplamente ideológico aos seus textos, com 11 métodos cênicos que pudessem aguçar a tomada de consciência do público, fomentando o ‘despertar’ que levaria à convicção de que processo histórico e o homem não são imutáveis, aspectos esses fundamentais do teatro épico”.
As técnicas dessa tendência de teatro são utilizadas para representar situações complexas do presente, examinando três questões: o tribalismo, o racismo e as relações de poder. “Para construir a narrativa das peças, os dramaturgos não hesitaram em buscar episódios e personagens da história oficial, até mesmo aqueles que haviam sido silenciados, criando um movimento entre o passado e o presente, artifício eficaz para que o espectador fosse tirado da passividade e adentrasse no juízo crítico dos temas desenvolvidos”.
Saiba mais- A premiada tese “Teatro angolano: o épico nas peças de José Mena Abrantes e Pepetela”, de Sidnei Boz, está disponível online. Acesse o texto na íntegra aqui.
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