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Laboratório de Anatomia Humana

História da Anatomia (Mapa da página | Voltar)

Preliminarmente, devemos dividir a História da Anatomia em duas fases:

1ª fase: Pré-história, ou pré-científica ou da anatomia fortuita

Nesta fase, as relações ou identificações de estruturas anatômicas não visavam o conhecimento já que tinham três objetivos básicos: 1- a sobrevivência através do consumo de carne animal, para a qual o conhecimento da constituição do corpo do animal era importante para a caça bem sucedida. 2 - a proteção do seu próprio corpo, para se defender dos ataques inimigos; 3- religiosos, na preparação do corpo para a vida futura em que acreditavam. Para sobreviver, para se defender ou atacar e para preservar o corpo após a morte utilizava-se a anatomia, mas nessa fase, esse processo de identificação de órgãos vitais não tinha o interesse em adquirir, desenvolver, esclarecer ou melhorar conhecimentos. Estes objetivos foram comprovados por:

a) Desenhos rupestres encontrados em cavernas (Pindal -Espanha) representando o animal que deverá ser abatido para servir de alimento com flecha ou lança apontando o lugar ideal para sacrificar o animal com maior sucesso.

b) Utilização de armaduras e escudos para proteger determinados locais do corpo considerados vitais.

c) Preparação de múmias na qual se indicava a retirada das vísceras para se evitar a decomposição.

2ª fase: História ou científica

Cuja característica essencial consistia na identificação dos órgãos, inicialmente, para relacioná-los com doenças visando o tratamento e mais tarde também para o aprimoramento do conhecimento científico.

 

Clique em cada período histórico abaixo, para mais informações.

Referências

1- Van de Graaff, K.M. Anatomia Humana. Editora Manole, 6ª ed. 2003.

2- Moore, K. L & Dalley, A.D. - Anatomia Orientada para a Clínica - 4ª ed. Guanabara Koogan

Neuroanatomia

1- Machado, A. Neuroanatomia funcional - 2ª ed. - Atheneu

2- Martin J. H. Neuroanatomy – 3ª ed - Mc Graw Hill.

Anatomia da imagem

1- Fleckenstein P., Tranum- Jensen J. Anatomia em Diagnóstico por imagem. 2ª ed. Ed Manole.


Período da Anatomia Moderna

Em 1543, Andre Vesalius publica sua obra “De Humanis Corporis Fabrica” que se transforma em importante marco de transição porque: liberta-se dos dogmas de Galeno, sua descrição é de cadáveres humanos, dá novo impulso às investigações anatômicas, introduz novas técnicas de preparação de peças e de dissecação. Todos os sistemas são objetos de reformulação, ratificando alguns aspectos e retificando outros, acima de tudo dando credibilidade à anatomia. Caluniosamente acusado por seus inimigos de vivissecção, Vesalius é condenado pela inquisição a fazer uma peregrinação ao santo sepulcro em Jerusalém, no retorno o navio em que se encontrava afunda no Mediterrâneo e Vesalius morre.

Libertados da obediência aos cânones de Galeno, outros anatomistas do mesmo período de Vesalius se aliam a este no processo de modernização é o que ocorre com Gabriel Falópio (1523-1562) em Pisa, escrevendo “Observações Anatômicas” focalizando principalmente os genitais, e com Bartolomeu Eustáquio (1520-1574) em “Opuscula Anatomica”. Juntos formam o triunvirato reformador da Anatomia.

Ainda neste século XVI aparecem outros anatomistas: Colombo, Botal, Aquapende, Paré, Servet, Bahuin, Varoli, Spiegel Arancio e outros.

No século XVII a grande contribuição é dada por Willian Harvey (1578-1657) ao descrever a circulação sangüínea em sua obra de 1628: “Exercitatio Anatomica De Motu Cordis Et sanguinis in Animalibus” embora sem conhecer os capilares sangüíneos sua descrição é correta. Neste século grandes avanços são feitos no estudo dos linfáticos com Pecquet, Aselli, Bartholinus e mesmo com Tulp (professor flamengo imortalizado na tela de Rembrant "aula de anatomia do professor Tulp").

Ainda neste século começa a se desenvolver a anatomia microscópica com o aperfeiçoamento técnico do microscópio, Malpighi em 1666 descobre os capilares sangüíneos.

No século XVIII, além da consolidação da histologia, assistimos avanços na anatomia patológica com Morgagni, na fisiologia e o início da embriologia. Na anatomia predominam os autores alemães: Meckel, Henle, Luscka, e os neuroanatomistas Wrisberg e Reil.

No século XIX, assistimos ao desenvolvimento da anatomia cirúrgica ou topográfica com Palfin, Hesselbach, Scarpa entre outros. Na Histologia temos Schwam (pai da histologia), Purkinge, Bichat e outros.

No século XX aparecem as extensas obras anatômicas escritas e os grandes estudos em neuroanatomia onde se destaca o espanhol Ramon Y Cajal que além de sua contribuição anatômica consolida as normas para a realização de pesquisas científicas na área biológica.


Período das Escolas Européias

A partir do século XII a Europa começa a readquirir o domínio científico da anatomia com o aparecimento das escolas européias isoladas, nas quais a associação de pesquisadores interessados e o apoio de senhores feudais da localidade possibilitavam o avanço da anatomia como, por exemplo, em Salermo onde Frederico II (1240) decretou que só poderiam exercer a cirurgia quem tivesse estudado anatomia, em Montpellier aonde é permitido dissecar o cadáver de um condenado, anualmente, ou em cidades como Bolonha e Pádua onde o papa Sisto IV permitia dissecações desde que tivessem autorização para tanto, ou Clemente VII permitia a dissecação para fins de ensino da medicina. Sylvius em Paris apesar de alquimista estimula o estudo da anatomia em cadáveres. A descoberta da imprensa por Gutemberg também viria dar grande impulso à anatomia pela facilidade de comunicação e transmissão escrita dos conhecimentos. Mas em outras cidades em que a dissecação humana era condenada, as dificuldades enfrentadas por anatomistas eram enormes e muitos anatomistas foram condenados a morte pela Inquisição.

Apesar disso, nessas Escolas isoladas foram surgindo bons anatomistas como Leonardo da Vinci (1452-1519) em Florença cujos desenhos se aproximavam muito da realidade, várias estruturas foram desenhadas e descritas por ele ao desejar atingir a perfeição em suas obras de arte.

No entanto havia um problema ainda a ser resolvido era a influência e a servidão que os anatomistas da época ainda demonstravam ao seguirem cegamente os ensinamentos de Galeno. Este pesquisador fora muito competente, mas havia trabalhado com a anatomia de animais e sua época já estava defasada de um milênio em termos de conhecimento científico.

É neste ambiente que aparece Andre Vesalius (1514-1564) anatomista nascido em Bruxelas, mas Professor em Pádua, que iria confrontar-se com os adeptos de Galeno, reformar a anatomia e tornar-se o pai da anatomia moderna através de sua coragem se inicia o período moderno da anatomia.


Período Árabe

A queda do império romano invadido pelos bárbaros durante o século V, a ascensão do cristianismo que condenava as pesquisas sobre o corpo humano e a dispersão bárbara sem nenhum interesse científico, paralisam o desenvolvimento do conhecimento anatômico - é a idade das trevas. Este teve, então, dois destinos: ou refugiar-se nos mosteiros com a simples repetição das descrições de Galeno pelos monges ou prosperar em outro continente, e foram exatamente as duas realidades que ocorreram. Na Europa, as descrições de Galeno prevaleceram por cerca de 1000 anos guardados e traduzidos nos mosteiros. No norte da África e na Ásia a ciência se desenvolveu com os árabes a partir do século VII, embora o Corão também proibisse dissecação em cadáveres. Destacaram-se nesse período:

Rhaze em Bagdá (840-920) que escrevei a primeira obra de anatomia em árabe.

Hali Abbas, cujo tratado com descrições anatômicas importantes foi traduzido para o latim.

Avicenas (980-1037) é o grande nome desse período, o príncipe da medicina escreve Canon medicinae e acrescenta contribuições pessoais aos escritos de Galeno, nomes como veia safena, basílica, cefálica, nuca são desse período e muitos outros que foram substituídos quando a Europa retomou o domínio do conhecimento científico. Várias obras árabes foram traduzidas para o latim.                   


Período Romano

Um dos períodos mais longos e mais pobres para a anatomia. De fato, os imperadores romanos tendo mais interesse em conquistas, guerras e cobranças de impostos não impulsionaram a ciência. De 100 DC até o declínio do império romano no século V, apenas um grande nome despontou nesse período. Muito mais por sua genialidade e interesse pessoal do que pelo apoio Institucional - Claudio Galeno. Surpreendentemente, apesar das dificuldades enfrentadas, esse homem torna-se um dos maiores anatomistas de todos os tempos, cujos ensinamentos prevaleceram por mais de 1000 anos.

Nascido na Ásia menor (129-201 DC) demonstrou interesse pessoal pela anatomia e pela medicina, foi para a Alexandria para estagiar com os anatomistas da época, e na volta à Roma, escreve: Da utilidade das partes do corpo e Manipulações anatômicas. Este anatomista reunia 3 características importantes: habilidade manual para dissecar (animais), interesse pela pesquisa anatômica e reconhecimento da importância do conhecimento científico. Diferencia nervos, tendões e ligamentos, dedica-se bastante ao estudo do sistema nervoso, a maior parte dos nervos periféricos já eram de seu conhecimento, descreve muitas veias principalmente do encéfalo, os ossos do crânio, o globo ocular etc. Apresenta um esboço para a pequena circulação, cujo único erro consistia na passagem do sangue do ventrículo direito para o esquerdo.

Com a divisão do império romano em oriental e ocidental, destaca-se em Constantinopla, Oribase, em torno de 325 a 403 DC, mas que se limita a retransmitir os ensinamentos de Galeno.


Período Alexandrino

Com a morte de Alexandre Magno, incentivador das ciências, o período grego entra em declínio. O império é dividido entre seus generais que não tinham o mesmo interesse científico do imperador, a não ser um deles, o general Ptolomeu. Este general, a quem coube o Egito no norte da África, demonstrou grande interesse em desenvolver a ciência e deu início ao segundo período da era científica – o período alexandrino que vai de 300 AC a 100 DC. Nesse período destacaram-se:

Herofilo (330 – 270 AC) a quem é permitido realizar a primeira dissecação em cadáver humano. Descreve grande parte do sistema nervoso central, muitos aspectos do sistema vascular, já conhecia os linfáticos e dos órgãos dos sentidos, amplia o conhecimento das vísceras em geral e dá o nome de duodeno à primeira porção do intestino, é o fundador da escola alexandrina.

Erasistrato (310-250) dedica-se mais a fisiologia da qual é fundador. Especializa-se na pesquisa do sistema circulatório estudando as valvas do coração, é quem denomina as valvas tricúspide e as sigmóideas, veias pulmonares, sabe diferenciar artérias das veias, e já demonstra um esboço da pequena circulação. A única nódoa e crítica que se faz a este período é a prática da vivisecção (dissecação em organismos vivos) em condenados com a justificativa de ver os órgãos em funcionamento

Marino é o último nome importante deste período, reformula a escola e é chamado de restaurador da anatomia.

A conquista do Egito pelos romanos, a censura imposta, o incêndio parcial da Biblioteca de Alexandria com 400.000 volumes e provavelmente o desinteresse dos imperadores com a ciência fazem a Escola Anatômica de Alexandria entrar em decadência.


Período Grego

A história da anatomia ou fase científica se inicia na Grécia com o trabalho de atendimento aos doentes desenvolvido por Asclepio no século XIV AC. Este médico reconhecia que para atender melhor os doentes necessitava conhecer a constituição do corpo humano. Iniciava-se assim o primeiro período da fase científica – o período grego - que se estenderia até a morte do imperador Alexandre Magno (323 AC). As dúvidas sobre a existência de Asclépio enquanto ser humano fez com que alguns autores marcassem o início desse período pelas descrições anatômicas contidas na Ilíada de Homero (século VIII a.C). Nesse período destacaram-se:

Alcmeon (500 AC) – escreve a primeira obra anatômica conhecida, era uma relação de nomes de estruturas anatômicas, principalmente nomes dos ossos.

Empedocles (500-430 AC) relaciona os princípios da natureza: ar, terra, água e fogo com os humores do corpo (bile (baço), sangue (fígado), fleuma (pulmões) etc.) e com doenças lançando a teoria dos humores.

Hipocrates (460-377 AC) é o pai da medicina. Suas obras: Corpus hipocraticus e Da natureza do homem, oferecem boa descrição dos ossos, mas ele não distinguia bem os músculos e confundia ligamentos com tendões. Descreve as cavidades cardíacas, partes do sistema digestório e do respiratório (traquéia e brônquios), já conhecia algumas glândulas e estruturas do sistema nervoso. Destaca-se mais como médico do que como anatomista.

Aristoteles (384-322 AC) criador da biologia, zoologia e da anatomia comparada, estuda o coração e os grandes vasos, dando os nomes: aorta e carótida, porém, como os demais cientistas da época acreditava que nas artérias circulava o ar que respiramos. Distingue os nervos dos tendões e dos ligamentos


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