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Acadêmicos de Engenharia Civil desenvolvem piso permeável em aulas práticas


Os alunos do curso de Engenharia Civil da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), campus de Tangará da Serra, estão na vanguarda dos estudos de concretos especiais ao desenvolverem pisos permeáveis durante as aulas. Os acadêmicos do 3º e 4º semestre do curso trabalharam nos experimentos de forma multidisciplinar durante as aulas de Materiais de construção civil; Planejamento urbano; Projeto arquitetônico; Física da edificação; Mecânica dos sólidos; Mecânica dos Fluidos e Economia aplicada à Engenharia.



O produto, que no Brasil ainda é pouco comercializado, já havia sido usado durante a Segunda Guerra Mundial, época em que foi descoberto nos EUA. Já a utilização no país é nova e sua fabricação ainda atende as normas americanas, uma vez que a norma ABNT NBR 16416:2015 que trata de requisitos e procedimentos para ‘Pavimentos permeáveis de concreto’ entrou em vigor, há três meses, no dia 06 de setembro.



Durante as aulas práticas foram construídas 14 peças com a aplicação de diferentes composições de traço (cimento, brita e água) assim como o permeâmetro utilizado pelos acadêmicos para medir o fluxo de água através do concreto, durante os experimentos. Os pisos permeáveis do curso de Engenharia Civil ainda passarão por análise de testes de resistência mecânica de compressão e flexão. De acordo com o professor Elias Antunes dos Santos, idealizador dessa aula prática, experimentos com a utilização de fibras naturais e resíduos da construção civil também serão testados.



A utilização prática de materiais de concreto permeável está diretamente ligada a preservação do meio ambiente. O ideal de que as águas da chuva caiam e infiltrem o solo e alimentem a própria bacia hidrográfica deixou de ser uma realidade nos grandes centros impermeabilizados por asfaltos e cimentados. “Esse excesso impede a devida infiltração da água provocando escoamentos superficiais, enchentes, enxurradas, desbarrancamentos tanto nos centros urbanos quanto nos finais de galerias que criam valetas de erosão e carregam solo para rios e riachos assoreando-os”, citou Elias Antunes.



Vários municípios brasileiros já exigem em seus planos diretores um percentual mínimo de área permeável nas construções urbanas com o intuito de evitar principalmente as enchentes. Atualmente outro material bastante utilizado são os blocos vazados (pisograma) que melhor se aproxima dos pisos drenáveis que possuem a capacidade de infiltrar mais de 90% da água que recebem. Mas segundo o professor Elias Antunes é preciso considerar os tipos de solo que servirão de base para aplicação do piso drenável. Quanto mais argilosa a sub-base menor será a absorção de água, mesmo que a infiltração no piso seja alta. A aplicação do piso permeável além de ecológica é mais barata uma vez que as peças, disponíveis no mercado atualmente custam entre 70 e 100 reais o m², são colocadas como se fossem um quebra cabeça, sobre uma fina camada de areia, sem a utilização de contrapisos, argamassas ou rejuntes.



A parceria entre Unemat, empresas de fabricação de artefatos de cimento e concreto e de fornecedoras de britas presentes em Tangará da Serra possibilitou o estudo e agora o professor Elias Antunes pensa em ir mais além com seus alunos. “Em breve poderemos instituir projetos e parcerias para utilizar esses pisos nas calçadas e estacionamentos tanto do campus quanto da cidade”, afirma Elias Antunes.



 


Por: Hemilia Maia