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Aluna da Unemat registra nova espécie de mutuca do Pantanal
A estudante apresentará para a comunidade científica uma nova espécie de mutuca, desconhecida da ciência e endêmica do Pantanal


A estudante Camila Rodrigues apresentará para a comunidade científica uma nova espécie de mutuca, desconhecida da ciência e endêmica do Pantanal. As mutucas são insetos da Ordem Diptera e da Família Tabanidae, com ampla distribuição geográfica na região neotropical, com registros em quase todos os tipos de habitats, desde manguezais, praias oceânicas até a linha de neve dos Andes, nos desertos do Chile e em florestas da faixa intertropical.



Medindo de 5 a 25 milímetros, as fêmeas são mais conhecidas por se alimentarem de sangue de répteis, aves e mamíferos, e porque são mais facilmente capturadas, uma vez que os machos são raros nas coleções científicas, sobretudo por preferirem voar em partes mais altas de árvores, à espreita da fêmea, para acasalar.



Existem aproximadamente 4.300 espécies de mutuca, distribuídas em 137 gêneros mas os dados são escassos ou mesmo inexistentes para o Brasil e para Mato Grosso. De março de 2014 a abril de 2015, 1.330 exemplares foram coletados em áreas do Cerrado e de matas de galeria, utilizando rede entomológica (popular puçá). O objetivo foi estimar a diversidade e a riqueza de espécies e a abundância de mutucas na região.



Neste estudo pioneiro no Alto Pantanal mato-grossense, 14 espécies foram registradas, sendo uma delas uma espécie desconhecida da ciência. Esta espécie nova pertence ao gênero Esenbeckia, mas ainda não foi ‘batizada’: o nome da espécie ainda será definido, mas o trabalho de monografia será submetido à Acta Amazônica, publicação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.



O trabalho foi orientado pelo professor Evandson Anjos Silva, curador da Coleção Zoológica da Unemat (Czune), responsável pelo Laboratório de Abelhas e Vespas (Labeve) e líder do Grupo de Pesquisa ‘Sistemática e Conservação de Abelhas e Vespas Neotropicais. Evandson também orienta alunos de mestrado e de doutorado no Programa de Pós-Graduação de Ecologia e Conservação (PPG-EC) e no Programa de Pós-Graduação da Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (PPG-Bionorte).



O trabalho também teve como coorientador o professor Francisco Limeira de Oliveira, da Universidade Estadual do Maranhão (Uema). O professor da Uema, um dos parceiros do Labeve, esteve na Czune para conhecer o acervo da coleção, participar das expedições a campo e identificar as espécies de mutuca do Alto Pantanal. Francisco é um dos mais importantes taxonomistas do grupo e curador da Coleção Zoológica do Maranhão (Czema), que conta com mais de 100 milhões de exemplares.



“Este trabalho de monografia de graduação evidencia à comunidade científica que o Alto Pantanal é uma região extremamente valiosa do ponto de vista da biodiversidade, e que inventários contemplando as mutucas e outros insetos são de extrema urgência”, afirma Evandson. “A fauna de insetos está desaparecendo em Mato Grosso em função do uso indiscriminado de agrotóxicos pelo agronegócio. E isso ocorre em geral sem que nós, cientistas, saibamos de suas existências”, explica o professor.



A Banca de Avaliação foi formada pelos professores Dalci Mauricio Miranda de Oliveira, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Elisandra de Almeida Chiquito, da Unemat. Camila foi aprovada com nota 9,5.


Por: Nataniel Zanferrari