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Unemat inicia Semana de Letras e Encontro de Espanhol
Grande público compareceu à abertura da 16ª edição da Semana de Letras e da 1ª edição do Encontro de Espanhol, Língua e Cultura


O auditório do Centro de Pesquisas de Alto Araguaia (Cepaia) ficou pequeno na noite desta segunda-feira (15). Um grande público compareceu à abertura da 16ª edição da Semana de Letras e da 1ª edição do Encontro de Espanhol, Língua e Cultura. A noite contou com apresentação cultural, feita pelo acadêmico de Letras/Espanhol, José Nildo; mesa de debates trazendo reflexões sobre o Brasil segundo os argentinos; relato de experiência de Marieta Armas, do Programa Mais Médicos; e uma conferência abordando o assunto ‘Sujeito, língua e memória: uma reflexão sobre a Língua Espanhola na fronteira Cáceres (MT) e San Matias (Bolívia)’, apresentada pelo professor Fernando Jesus da Silva.



A mesa de abertura foi composta pela diretora político-pedagógica e financeira do Campus Universitário de Alto Araguaia, Gislaine Aparecida de Carvalho; pela diretora da Faculdade de Letras, Ciências Sociais e Tecnológicas, Marilena Inácio de Souza; do coordenador do curso de Letras, Danilo Persch; do coordenador da 16ª Semana de Letras, Gilmar Martins; e da coordenadora do 1º Encontro de Espanhol, Tatiane Silva Santos. Todos saudaram os participantes e ressaltaram a importância destes eventos na socialização acadêmica. “Curtam o evento e aproveitem os conhecimentos aqui ministrados”, enfatizou a professora Marilena.



 



Sujeito, língua e memória na fronteira



A conferência trouxe assuntos de extrema relevância, como o sentimento de posse na fronteira, criada pelos brasileiros em relação aos bolivianos. O professor Fernando Jesus da Silva relata a experiência vivida em sua pesquisa sobre os bolivianos que estudam em escolas brasileiras, e que se veem excluídos de sua própria identidade, e enquanto língua materna. “Essa falta ou manipulação de identidade provoca um apagamento do indivíduo boliviano diante sua história, e acaba silenciando-o”, disse.



Ele identifica que esse pré-conceito do país vizinho provoca um distanciamento, que origina medo em relação ao termo ‘fronteira’, e esse discurso é impulsionado pela mídia, ao destacar, por exemplo, o narcotráfico. “O mal do brasileiro é achar que a língua espanhola é parecida com o português; logo eles igualam a língua fácil, e esse discurso é mostrado em meio acadêmico”, falou.



Foi destacado pelo palestrante que a fronteira historicamente sempre significou separação, segregação e limite, que os brasileiros veem os bolivianos com desconfiança e que, neste cenário, a língua espanhola é vista de forma deturpada. Outro fator apresentado para o desinteresse em estudar espanhol está na transparência entre as línguas, ou seja, se a língua é semelhante, não é necessário estudá-la, fator que gerou dificuldades na implementação do espanhol como língua estrangeira nas escolas.



Ao final da conferência, foi aberta ao publico para perguntas, ocorrendo grande participação dos acadêmicos de letras e professores com a programação do evento. A Semana de Letras acontece anualmente, e esse ano segue com atividades no turno vespertino e noturno. O evento é aberto para a comunidade.


Por: Cristiely Ive, Miguel Rodrigues Netto e Nataniel Zanferrari