Imprimir
Unemat realiza Curso Internacional e lança Congresso Nacional de Etnobiologia e Etnoecologia
O curso etá sendo realizado no Museu de Humanidades Alaíde Montecchi, em Cáceres


A Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) está realizando a 1ª edição do Curso Internacional de Etnobiologia e Etnoecologia. O evento teve início na segunda-feira (18) e segue até amanhã, sexta-feira (22) no Centro de Pesquisa e Museu de Humanidades Alaíde Montecchi, na Cidade Universitária da Unemat, em Cáceres.



Participam do evento os alunos do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA) da Unemat e do Programa de Pós-Graduação em Rede em Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Bionorte), rede composta por 20 instituições de pesquisa, da qual a Unemat faz parte.



Presidente da Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia (SBEE) e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) e do PPGCA da Unemat, Flávio Bezerra Barros lembra que a Etnobiologia e a Etnoecologia são campos de atuação interdisciplinar entre a Biologia e a Ecologia com as Ciências Sociais, particularmente a Antropologia. “Procuramos entender a relação de natureza com a sociedade: a relação das pessoas, comunidades tradicionais, agricultores, familiares, pescadores, povos indígenas, ribeirinhos, caiçaras com o meio ambiente, como essas comunidades criam suas formas de manejo, de relação com a natureza e com a biodiversidade”, explica Flávio, que é doutor em Biologia da Conservação em Universidade de Lisboa em Portugal, mestre em Ciências Biológicas e Zoologia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).



 



Lançamento



Durante a sexta-feira, será lançado oficialmente a 13ª edição do Congresso Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia, que será realizado em Cáceres de 11 a 16 de outubro de 2020. O Congresso é organizado pela SBEE e pelo PPGCA da Unemat. Também será lançado o site do 13º Congresso.



Além do lançamento, o curso internacional foi feito para “esquentar” a área da etnobiologia na Unemat, em preparação para o Congresso Nacional do próximo ano. O tema será “Etnobiologia no desafio das fronteiras do Brasil”.



Presidente do 13º Congresso Nacional e professora e pesquisadora da Unemat, Carolina Joana da Silva explica que o evento abordará todo tipo de fronteiras: biológicas, de conhecimento, culturais, geopolíticas, entre outras. “Estamos em uma região cujo processo de ocupação, desde os povos indígenas até hoje, é um processo com conflitos e ajuste de culturas, fronteiras de conhecimento entre povos indígenas, europeus, africanos”, disse a professora. “Dentro do Brasil temos pessoas com culturas diferentes, o que cria fronteiras e nos perguntamos como vamos superar estes desafios para possamos ter oportunidades iguais para todos, para os povos com menos oportunidades”, falou a pesquisadora. Carolina Joana é pós-doutora em Limnologia de Áreas Úmidas Tropicais pelo Instituto Max Planck de Biologia Evolucionária, na Alemanha, doutora em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos (UFScar) em São Paulo, mestra em Biologia e Ecologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) em Amazonas e graduada em História Natural pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).



“É um evento aberto à sociedade, um evento extremamente inclusivo”, conta Flávio. “É um congresso que irá abarcar toda a diversidade social, cultural e biológica da Região Centro-Oeste”, garante o presidente da SBEE, que confirma que os professores da Rede Pública de Ensino terão entrada franca no Congresso em 2020, bem como os povos e comunidades tradicionais.



 



 



Participação de povos e comunidades tradicionais



O Curso Internacional de Etnobiologia e Etnoecologia também contou com a participação da presidente do Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT), Cláudia Sala de Pinho, que lembra que este também é um espaço de visibilidade social e política os povos e comunidades tradicionais. “É um espaço onde o diálogo é construído, então é importante que estejamos neste espaço expondo para a Universidade de que forma que nossos conhecimentos podem ser valorizados”, disse Cláudia.



Carolina Joana lembra que o histórico da Unemat é de inclusão. “A Universidade teve o primeiro curso específico diferenciado para indígenas na América Latina, e agora ela apresenta oportunidades em todo o Estado. Agora é a oportunidade de mostrar e interagir com a sociedade neste quesito”, declarou a pesquisadora.



 



Participação internacional



O evento também teve a participação de María Teresa Pulido, professora e pesquisadora do Laboratório de Etnobiologia do Centro Pesquisas Biológicas da Universidade Autônoma do Estado de Hidalgo, no México. Doutora em Ciências pela Universidade Nacional Autônoma do México e licenciada em Biologia pela Universidade dos Andes, na Colômbia, María Teresa conta que a colaboração com a Unemat é duradoura e frutífera. “O Brasil e o México são considerados os países latino-americanos mais desenvolvidos na área da Etnobiologia, então este intercâmbio tem fortalecido tanto as duas universidades quanto a área em si”, disse a pesquisadora mexicana.


Por: Nataniel Zanferrari