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Pesquisadores registram nova ocorrência de espécie de abelha parasita no Pantanal


Os pesquisadores do Laboratório de Abelhas e Vespas Neotropicais da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) descobriram uma ocorrência inédita de Aglae caerulea, uma espécie de abelha que nunca havia sido encontrada no Pantanal.



A espécie é chamada popularmente de mangangá, mamangaba, mangango, mamangava, mangava, mangangava e mangangaba (nomes pelos quais também são popularmente chamadas as espécies dos gêneros Bombus e Xylocopa).



A espécie foi catalogada em uma floresta de galeria na Estação Ecológica Serra das Araras, no município de Porto Estrela, a 198 quilômetros da capital Cuiabá. A espécie possuía diversos registros das florestas tropicais do Panamá e do Caribe até a Floresta Amazônica quando, em 2006, o Laboratório de Abelhas e Vespas Neotropicais registrou a espécie pela primeira no Cerrado, no município de Chapada dos Guimarães, a 64 quilômetros da capital.



A descoberta foi publica na revista científica Apidologie, publicação francesa referência em pesquisas com abelhas de todo o mundo, coordenada pelo Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica da França e pela Associação Alemã de Apicultores



A pesquisa e o laboratório são coordenados pelo professor Evandson José dos Anjos Silva, doutor em Entomologia pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Ecologia e Conservação da Biodiversidade pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).



O professor chama a atenção para a vagilidade da mamangaba, ou seja, a capacidade da espécie de se deslocar. “A abelha comum possui uma ‘vagilidade’ de cerca de três quilômetros e a abelha sem ferrão de 1.500 a 3 mil metros. De acordo com pesquisas recentes, esta espécie possui uma vagilidade de 92 quilômetros”, explica Evandson.



De acordo com pesquisador, a descoberta da Aglae caerulea no Pantanal é de impacto positivo devido à importância dela para a conservação, já que polinizam de 28 a 30 espécies diferentes de plantas. “Também é importante devido à quebra de paradigmas: uma espécie que era tida como endêmica da Amazônia, agora fica provado que não”, garante o biólogo.



Agora o Laboratório realiza novas pesquisas dentro do Pantanal, para verificar o impacto da descoberta neste novo bioma. “Isto implica em aumento da biodiversidade do Pantanal, e prova que ainda conhecemos muito pouco”, disse o professor.



Com 16 anos de existência, o Laboratório de Abelhas e Vespas Neotropicais da Unemat é vinculado ao curso de Ciências Biológicas e à Faculdade de Ciências Agrárias e Biológicas (Facab) do Câmpus de Cáceres, e possui uma coleção de cerca de 90 mil abelhas de 80 a 100 espécies diferentes, das quais 60 já foram identificadas.



O Laboratório também atua com o Programa de Pós-Graduação em Rede em Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Bionorte), rede composta por 30 instituições de pesquisa em nove estados, da qual a Unemat faz parte.


Por: Nataniel Zanferrari