Pesquisadores do Laboratório de Mastozoologia, do Programa de Pós-Graduação de Ciências Ambientais (PPGCA) da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), descobriram o que pode ser uma nova espécie de macaco na região de transição entre Amazônia e Pantanal mato-grossense.
O mestrando Almério Gusmão, orientado pelo professor Manoel dos Santos Filho, observou no final de novembro deste ano, durante atividades de campo, três macacos do gênero Pithecia, conhecido popularmente como ‘parauacus’.
Estes macacos não eram conhecidos cientificamente para esta região e, além disso, como estes grupos observados apresentaram características diferentes das espécies já conhecidas, os pesquisadores ainda não os agruparam em nível de espécie, pois, além da variação na cor, eles apresentam uma calvície bastante acentuada, e isto não é observado nas espécies próximas conhecidas. O próximo passo agora é analisar mais detalhadamente os animais e verificar se se trata de uma nova espécie ou uma variação geográfica de alguma já descrita.
O Brasil possui a maior diversidade de primatas do planeta e, mesmo assim, ainda é pouco conhecida cientificamente. No Estado de Mato Grosso existem três biomas e várias localidades com poucos conhecimentos sobre sua diversidade.
Apesar do tamanho de Mato Grosso, rico tanto em flora quanto em fauna, ele é um dos Estados que mais desmatam, com perdas inestimáveis à biodiversidade. Na região onde foi registrada a espécie, hoje em dia restam menos de 15% da vegetação original, em fragmentos isolados.
A preocupação dos pesquisadores é que estes animais estão em uma região onde a vegetação nativa foi quase totalmente removida para a implantação da agricultura e da pecuária. Com essa preocupação, o Laboratório de Mastozoologia, coordenado pelo professor Manoel, vem desenvolvendo projetos para investigar a ecologia nesses fragmentos. Atualmente, trabalham com primatas na região sul da Amazônia e no Pantanal mato-grossense.
Os locais onde foram observados os animais são pequenos fragmentos de floresta isolados entre si, e não existem unidades de conservação próximas. Isso implica problemas para a conservação, uma vez que decorrente da perda de habitat e do isolamento das poucas populações ainda existentes na região, já há o risco de extinção desta espécie de parauacu.
O projeto é credenciado junto ao Programa de Pós-Graduação de Ciências Ambientais da Unemat, e é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de Mato Grosso (Fapemat).
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