“Corpos expostos, corpos polêmicos: a nobreza no picadeiro do circo na belle époque”, com base nesta temática a escritora e professora da Universidade de Paris VII Jussieu, França, Gabrielle Houbre, realizou na noite de sexta-feira em Cáceres, a última conferência do Colóquio Internacional sobre Sexualidade, Corpo e Gênero.
Promovido pela Universidade do Estado de Mato Grosso, Unemat, Campus Jane Vanini, o Colóquio reuniu durante três dias, 19 estudiosos brasileiros e da França que socializaram trabalhos e promoveram debates e reflexões no intuito de possibilitar a professores da rede pública e particular, acadêmicos, docentes e comunidade em geral, um novo olhar para a História.
Na conferência, a autora de obras como “Disciplina do Amor, que trata da educação das jovens na França do século XIX mudou o enfoque dado as mulheres durante seus trabalhos sobre relações de gênero que trata sobre a construção social e cultural das identidades sexuais, e apresentou um estudo realizado sobre os homens, especificamente, os aristocratas da Belle Époque, período que equivale ao final do século XIX, por volta dos anos de 1880 e 1890.
Em sua abordagem, a escritora retrata o fato de um aristocrata da época resolver montar uma trupe de circo. Entre as observações a conferencista questiona que tipo de relação os aristocratas tinha com o próprio corpo, e como a sociedade se manifestou ao fato de um homem da elite se dedicar a atividade circense.
Ela lembrou que a nobreza da época estava em decadência, o que não impediu que a sociedade, inclusive por meio da imprensa, se colocasse contraria a postura do conjunto de aristocratas que trabalharam no circo. A atividade física inclusive de exposição de corpos desnudos era associado a função do proletariado, os atributos da nobreza não devia está relacionado ao corpo. A crítica, portando, apontava o comportamento desses personagens como impróprios, e caracterizava-os como se estivessem fugindo de seus papéis.
AVALIAÇÃO
A escritora e professora da Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, Margareth Rago, uma das organizadoras do colóquio, falou sobre a relevância da participação de historiadores de outros países em eventos que promovem discussões e reflexões sobre a história da humanidade.
Na França, os estudos do corpo e da sexualidade estão começando a ter expansão com um número significante de trabalhos, sobre história do aborto, infanticídio, maternidade. No entanto, sobre a história da sexualidade, pouco é produzido.
Rago elenca a necessidade de integração entre os países e a contribuição da professora francesa para a realização de estudos, em seu país de origem, de mestrandos e doutorandos brasileiros. “Gabrielle tem contribuído muito pra fortalecer os nossos estudos. Porque ter uma referência internacional é importante para historiografia brasileira. Ela tem reforçado o intercâmbio com a rede feminista e com historiadores” aponta.
SOCIALIZAÇÃO DOS RESULTADOS
O conteúdo das palestras e conferências realizadas no colóquio serão disponibilizados em cd-room multimídia para os participantes. Tendo ainda, neste ano o projeto de lançamento de um livro, pela Unemat Editora, com artigos e textos dos colaboradores do evento.
Para o coordenador, Clementino de Sousa, as ações de socialização dos resultados do colóquio fortalecem o incentivo de novas reflexões sobre a história, como modo de se pensar criticamente as relações humanas visualizando possibilidade de mudanças e transformação social.
“Todos os palestrantes destacaram a importância de se pensar criticamente a história e as relações humanas e mostrar que tanto o corpo como a sexualidade é uma construção histórica , portanto precisam ser desnaturalizadas.” afirma Sousa.
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