Pesquisadores e alunos da Universidade do Estado de Mato Grosso coletam amostras no Rio Paraguai para avaliar como pulso de inundações, oscilações entre período de seca e cheia, afetam a diversidade e o comportamento dos peixes. Nesta semana, a equipe de pesquisa da Unemat esteve pela quarta vez na Baía da Caiçara em Cáceres, onde o monitoramento vem ocorrendo desde junho do ano passado.
A coordenadora da pesquisa na Unemat, prof. Dr. Carolina Joana da Silva, afirma que a Instituição está num local ecologicamente muito rico. “A Universidade tem um enorme potencial na área ecológica e profissionais qualificados. Por isso, constrói suas ações para responder às questões da região e conhecer melhor este ecossistema, podendo inclusive contribuir com o apoio técnico para adoção de políticas para o Pantanal”.
Pela dificuldade de se estudar os peixes devido a sua mobilidade, a equipe trabalha com diferentes instrumentos de coleta. Vão a campo munidos de tarrafas, redes de espera, de arrasto e telado, que permitem que sejam coletados exemplares diversificados no meio da bacia, nas margens e também alguns que se escondem macrófitas (plantas aquáticas).
Depois de 2 horas de espera, a rede de arrasto sai com poucos e pequenos peixes. O número poderia decepcionar pescadores, mas para os pesquisadores da Unemat era um fato esperado. “Nesta época do ano, com a cheia do rio, os peixes se escondem nas margens, sendo difícil a sua captura”, explica o professor Claumir Muniz.
Dados como nível de oxigênio, turbidez, condutividade elétrica da água são relacionados com a comunidade de peixes. Depois de coletados, os exemplares serão medidos, pesados, identificados e abertos em laboratórios para verificar o estágio reprodutivo e o regime alimentar. Muniz afirma que a maioria das espécies observadas já desovou nesta época do ano. Entretanto, os grandes bagres, como pintado e jaú, desovam tardiamente. “Precisamos avaliar se o período de Piracema realmente contempla todos os peixes do Rio Paraguai”. Para a sua tese de doutorado, possibilitadas a partir de um convênio firmado entre Unemat e Ufscar, o professor vai estudar a Baía por dois anos, já que o ciclo de inundação no Pantanal pode variar de um ano para o outro.
Outro pesquisador presente na campanha do campo, Waldo Pinheiro Troy, doutorando pela Unesp, analisa as Pacupevas nos rios que compõem a Bacia do Alto Paraguai. A partir de DNA de amostragem coletada pode-se determinar a variabilidade genética, que reflete na diminuição do tamanho e da quantidade do peixe nesses diferentes rios.
O Pantanal ainda é uma região bem preservada sob o ponto de vista ecológico, o que demanda um conhecimento detalhado da biodiversidade. “Essa ragião funciona como um berçário natural para diversas espécies que estão aqui para se alimentar e reproduzir e depois passar a vida em outros locais”, afirma a Dr. Ana Cristina Petry, bolsista do CNPQ/Fapemat.
Na Unemat, o Projeto da Avaliação do pulso de inundação do Rio Paraguai sobre a diversidade dos Peixes da Baia Caiçara é coordenada pela Prof. Dr. Carolina Joana da Silva e está ligado ao Celbe. Funcionando em estrutura de rede, esse projeto integra o primeiro estudo comparado sobre o Pantanal realizado concomitantemente nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O estudo une pesquisadores da Unemat, UFMT, UFMS e Embrapa, financiada pelo Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP) com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Mato Grosso (Fapemat).
Danielle Tavares- Assecom/Unemat
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