A Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) desenvolve o Projeto Erosão da Biodiversidade do Pantanal Mato-Grossense, que tem como um dos objetivos estudar os primatas que habitam o bioma pantaneiro. O grupo já publica artigos científicos com os resultados gerados, e o mais recente foi publicado na revista internacional Primate Conservation (do inglês, Conservação Primata), onde trata sobre a avaliação da variação de cores da pelagem e a revisão da área de ocorrência no Pantanal, bem como em toda a distribuição geográfica do menor primata do Pantanal, o Mico melanurus, popularmente chamado de sauim-de-cauda-preta.
Os dados sobre a espécie foram obtidos a partir de atividades de campo realizadas em 13 localidades distribuídas pelos municípios de Barra do Bugres, Cáceres, Denise, Diamantino, Nortelândia, Poconé e Porto Estrela, no estado de Mato Grosso, e Corumbá, no estado de Mato Grosso do Sul, além de outros dados já existente no Laboratório de Mastozoologia do Centro de Pesquisa em Limnologia, Biodiversidade e Etnobiologia do Pantanal (Celbe Pantanal) da Unemat.
Neste estudo foi possível detectar que o sauim apresenta quatro formas de cores bem marcantes em toda a sua área de vida, características que não eram reconhecidas pela ciência até então. Uma dar formas, com pelagem mais escurecida, era inédita até mesmo para os cientistas.
Além disso, é possível encontrar essa espécie em uma área maior que a esperada, como, por exemplo, na porção oeste da Chapada dos Parecis. Esta expansão representa um aumento em mais de 8 mil quilômetros quadrados na distribuição da espécie. O estudo contou também com a colaboração de pesquisadores de várias outras instituições, que disponibilizaram dados sobre a espécie para serem incorporadas ao artigo.
“O conhecimento gerado sobre a espécie pode auxiliar na conservação das populações variantes do sauim”, explica o pesquisador Almério Câmara Gusmão. “Por exemplo, a forma inédita encontrada está em uma área com intenso desmatamento, ocasionado pela conversão da vegetação nativa em área de pastagem e lavoura extensiva, na divisa entre os estados de Mato Grosso e Rondônia. Desse modo, com base nesse conhecimento, torna-se possível tomar medidas específicas de conservação, de modo a viabilizar que todas as formas dessa espécie possam continuar existindo”, disse.
O artigo faz parte da tese do doutorado do aluno Almério Câmara Gusmão, do Programa de Pós-Graduação em Rede em Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Rede Bionorte), orientado pelo professor Manoel dos Santos Filho. A pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat) por meio do Edital Redes de Pesquisa.
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