“O nível de analfabetismo de crianças que freqüentam o ensino fundamental é assustador e não é um problema localizado”. A declaração que causou espanto a uma platéia formada por cerca 150 acadêmicos do curso de Letras foi dita e ilustrada pela professora Maria Bernadete Abaurre, uma das maiores autoridades em Lingüística do país, durante palestra que marcou a abertura do 3º Seminário “Letras em Movimento”, promovido pelo Instituto de Linguagem (IL) por meio do departamento de Letras do campus universitário de Cáceres.
Com a experiência de quem já detectou a origem do problema, a palestrante chamou a atenção dos futuros professores da Unemat para a importância de se trabalhar com comprometimento para tentar reduzir e eliminar os chamados analfabetos funcionais que vem sendo detectados em grande escala nos últimos tempos.
A professora - com pós-doutorado em Lingüística pela universidade de Wien (Áustria) - também mostrou que o problema foi identificado no extinto Exame Nacional do Ensino Médio em 1999. Os chamados analfabetos funcionais atingiram a marca de 70% dos participantes do ENEM. Destes, cerca de 30% não conseguiram desenvolver um meio formal de escrita.
Mas este erro, segundo a professora pode ser sanado durante o aprendizado, onde o acadêmico de Letras deve aprender, entender e colocar em prática, com muito rigor, os aspectos técnicos básicos da escrita.
Para Maria Bernadete Abaurre, essa parte teórica associada aos conteúdos aplicados em sala de aula é que vão possibilitar que os futuros professores possam trabalhar para reduzir gradativamente os problemas detectados.
A professora também falou sobre as criticas que estão sendo feitas, sobretudo aos jovens usuários da internet, que estão desenvolvendo um processo de escrita próprio para se comunicar.
Para a professora, as criticas de que esta atitude estaria distorcendo a gramática, são exageradas e equivocadas. “É preciso analisar a questão do ponto de vista acadêmico. O que ocorre é que a internet deu origem a um novo conceito de gramática que precisa, acima de tudo, ser estudado”, explicou a pós-doutora em lingüista, repudiando as intensas criticas de setores da mídia.
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