Lideranças chiquitanas vão ao campus da Unemat me Barra do Bugres para realizar intercâmbio com acadêmicos do Terceiro Grau Indígena. O encontro será promovido em janeiro do próximo ano, quando reinicia a etapa de estudo presencial do curso.
O projeto de Formação de Professores Indígenas da Unemat (denominado Terceiro Grau Indígena) atende 27 etnias do Estado de Mato Grosso e atua na oferta de curso superior específico e diferenciado, buscando qualificar professores índios para trabalhar diretamente nas aldeias.
O encontro em Barra do Bugres será uma primeira tentativa de aproximação entre os povos indígenas, caminho necessário para a afirmação da identidade chiquitana. “É fundamental que outras etnias indígenas, como Bororo, Xavante, Paresi, por exemplo, reconheçam os chiquitanos como índios”, explica o Doutor Elias Januário, que além de Vice-Reitor, foi o primeiro pesquisador da Unemat a estudar os povos da fronteira Brasil/Bolívia.
Na ocasião, lideranças indígenas e chiquitanas irão traçar em conjunto a programação para a realização de um Seminário com todas as etnias de estado de Mato Grosso. Provavelmente, será em abril próximo na cidade de Cáceres. “A Unemat pode contribuir para o reconhecimento do povo chiquitano. Já que a Instituição, por meio do Projeto Terceiro Grau Indígena, tem articulação, acesso e mantém diálogo constante com lideranças de diferentes etnias”, explica Januário.
O encontro foi planejado a partir do Seminário de Afirmação dos Povos Chiquitanos, realizado no último final de semana em Cáceres. Mais de 400 pessoas, entre pesquisadores, acadêmicos e representantes indígenas brasileiros e bolivianos, participaram das discussões.
No domingo (12.11), o professor Elias Januário falou sobre “A Importância da Pesquisa na região da Fronteira”. Ele explica que esse foi um momento importante para travar ações a serem adotadas e caminhos a serem percorridos, para afirmação da identidade e a garantia dos direitos do chiquitano.
Identidade dos povos da fronteira Brasil/Bolívia:
O trabalho de Elias Januário realizado junto aos chiquitanos, no período de 1997 a 2002, serviu de base à tese de doutorado recentemente publicada no livro “Caminhos da Fronteira”.
Em sua obra, o professor mostra os rumos trilhados pelos que vivem na região de fronteira Brasil/Bolívia que determinaram que hoje esses povos perdessem sua identidade e não fossem reconhecidos como índios, sendo chamados de “bugres”. Essa denominação pejorativa acabaria por silenciar os grupos indígenas da fronteira, “forjando uma identidade genérica e esteriotipada a essas pessoas, negando-lhes a possibilidade de organizarem-se enquanto grupos com práticas sócio-culturais peculiares e direito à terra”, escreve.
As comunidades localizadas nesta faixa de fronteira (entre elas Corixa, Roça Velha, Piedade, Baía Velha), apesar de adotarem práticas sócio-culturais específicas e constituírem grupos diferenciados, ao serem identificados apenas como bugres acabam por serem discriminados e, muitas vezes, vivem em condição de miséria, exploração e negação da identidade.
Dessa forma, constata o autor, “da língua materna de seus avós e dos traços culturais como a cerâmica e a cestaria, quase nada conservam. Grande parte do patrimônio cultural foi perdido no decorrer do contato com a sociedade envolvente”. Ao negarem sua identidade como índios perdem também seus direitos à terra, educação, saúde e cultura.
Para mais informações sobre o assunto, leia: "Caminhos da Fronteira" de Elias Januário, publicado pela Unemat Editora, em 2004.
Danielle Tavares- Assecom/Unemat
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