Mato Grosso, Segunda-Feira, 29 de Abril de 2024     
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A tradução como reescrituração por uma perspectiva enunciativa

Autor: Lucas Augusto Souza Pinto Alvares.

A tradução está por todos os lados. Atualmente, num mundo globalizado, estamos o tempo todo em contato com a tradução, seja por um modo ou por outro. Seu percurso e seu devir na história da humanidade como uma operação que coloca em relação línguas distintas, leva-nos a buscar compreender o seu funcionamento e sua constituição enquanto uma disciplina dos estudos da linguagem a partir de reflexões e teorias diversas. De Cícero e São Jerônimo aos dias atuais a tradução vem se destacando por vezes como um desafio a ser resolvido nos campos da Filosofia, Literatura e Linguística, e por vezes como uma solução definitiva para a comunicação entre os povos e o desenvolvimento global. Contudo, a tradução, assim como toda disciplina que implica um debate secular quanto às suas características e definições, impõe seus problemas e suas dificuldades científicas, históricas e até mesmo filosóficas. No ensejo de compreender a tradução e aquilo que ela nos mostra enquanto questões de linguagem a partir de um lugar teórico e metodológico assumido dentre as diversas áreas da Ciência Linguística, a Semântica do Acontecimento, desenvolvida por Guimarães (2002-2018), a finalidade deste livro é o de investigar, fundamentar e sustentar aspectos decisivos e particulares da tradução tomando-a como um procedimento de reescrituração por substituição mimética. De tal forma, nossas investigações dar-se-ão por um percurso que visa discutir a história e a relação entre tradução, língua e linguagem aproximando a tradução com a teoria à qual nos filiamos, considerando-a como um acontecimento enunciativo, como enunciação. Para tanto, as discussões sobre aspectos pertinentes à semântica da enunciação como acontecimento, temporalidade, espaço de enunciação, cena enunciativa e, principalmente, texto e reescrituração, far-se-ão presentes quase que o tempo todo no decorrer da nossa investigação. Ainda, para que possamos definir a tradução de maneira específica nos colocaremos em estreito diálogo com outros lugares de observação dos estudos da linguagem desenvolvidas por Orlandi (2008, 2009, 2012), Eco (2007, 2014), Ricoeur (2011, 2012), Oustinoff (2011), Steiner (2015), Dias (2018), Arrojo (2007) dentre tantos outros teóricos e pesquisadores que serão trazidos para nossas discussões. Por outro lado, não há como deixar de fora os aparatos teóricos e reflexivos construídos pela filosofia, o que nos permitirá compreender e alcançar parte de nosso objetivo quando das reflexões sobre a Mímesis aristotélica, considerando a tradução enquanto um procedimento de reescrituração por substituição significada como mimética, e assim deslocando os sentidos de imitação como reprodução para o lugar de imitação como produção do novo, abrindo espaço para discussões sobre noções como semelhança, diferença, apropriação e desapropriação. Por fim, aplicaremos este dispositivo metodológico e analítico, reescrituração por substituição mimética, em análises de textos amplamente traduzidos e que produzem efeitos de sentidos distintos para e na população global, como meio de sustentar seu funcionamento enquanto um procedimento que significa a tradução por uma perspectiva enunciativa.

Número de páginas: 308 p.

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